FELIPE LIMA
Jornalista, é fundador da agência Leopoldo Electrical Group
Eu não tenho mais idade para esse tipo de filme. Aliás, nunca tive. Eu sei que é sacrílego dizer isso, mas peguemos “Star Wars” como exemplo. Um clássico atemporal que nunca me desceu. E olha que eu já tentei, já assisti e tal. Acho uma chatice, uma confusão de enredo, espaço e tempo. Nunca entendi, nunca vi graça. Não tem jeito, sou apegado a um mínimo de realidade. A franquia “Duna”, claro, vai pelo mesmo caminho.
Eu já havia assistido ao primeiro filme, de 2021, por puro dever de ofício. Para variar, eu achava que aquela bobageira toda seria o fundo do poço do Oscar. Mal sabia eu que, três anos depois, cá estaríamos nós diante de Emilias e Substâncias…
Neste ano, novamente pelo puro dever, vi “Duna 2” e, é claro, não gostei. Reconheço que a produção é grandiosa, por lá nos deparamos com bons nomes, como Javier Bardem, Léa Seydoux, Stellan Skarsgård e Christopher Walken, temos efeitos especiais de tirar o fôlego, mas, para além de todo um enredo besta, futurista e complicadíssimo, achei que o filme, talvez por uma má relação entre tudo que precisa ser contado e o espaço limitado que há para isso, não desenvolve bem os pontos de tensão. Cortou a cena e já aconteceu. Tudo passa muito batido – o que, admito, para mim é um alívio, mas, para quem realmente se envolve com a história, pode ser desagradável.
Sobre a história, o que tenho eu para dizer? É uma confusão lascada, com nomes estranhos, lugares, pessoas e monstros estranhos, uma língua criada… Nada faz sentido para quem busca algum. Pelo que entendi, é passado em outro planeta, que tem muita, muita areia, o que por si só já é o suficiente para me deixar bastante desconfortável. Ademais, tem o mocinho, um grupo que, inicialmente, duvida dele, depois cai em suas graças, outro povo que é inimigo, aí pintam um vilão e é isso. Em termos de narrativa, nada de novo, em absoluto. Parece que teremos um terceiro filme ainda. Deus me ajude.
Enfim, como deve ter ficado óbvio, eu não sou a pessoa certa para falar sobre esse filme. Em um ambiente formal, jamais seria escalado para resenhá-lo. Aqui, onde tenho mais liberdade, posso apenas dizer que para quem gosta dessas besteiradas, “Duna 2” pode ser um prato cheio. Para quem prefere o lado mais adulto do cinema, esqueça.
Fato é que, dunas mesmo, só as da Gal, lá no Rio, que, vejo agora, foram declaradas Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial. Merecidíssimo!
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