thaís lemos
Jornalista, marketeira e escreve sobre tudo e qualquer coisa
Tudo começou com o Felipe, editor deste site e meu grande amigo, que me convidou para contribuir livremente com um punhado de palavras por aqui. “Ah, escreve uma minibio”, foi a primeira tarefa que eu tive e já logo travei.
Falar de mim sempre foi uma das tarefas mais difíceis, talvez porque eu sinta que nunca fiz nada relevante o bastante para uma biografia. Me formei em jornalismo, mas eu só atuei na área por um período insignificante. Morei em Portugal, mas por apenas seis meses e já faz quase 10 anos. Trabalho numa grande empresa, é verdade, mas não sei se quero associar esta tarefa livre ao meu trabalho diário. Nunca plantei uma árvore, nem escrevi um livro ou fiz um filho.
Mas, sendo sincera, isso não começou com o convite para escrever. Provavelmente, começou há muito mais tempo, envolto em mistérios que tento desvendar na terapia. Minha dificuldade em me descrever ficou clara quando instalei o Tinder, em 2014. A proposta era me conectar com as pessoas pra beijar na boca, e ter uma autodescrição no perfil passaria muito mais credibilidade. Por isso, era frequente que meus matches puxassem assunto com mensagens do tipo: “me conta mais de você, tem pouca informação sua”. Isso me dava uma preguiça absurda.
Desde então, percebo um pânico crescente e uma ansiedade absurda quando tento falar sobre mim. É como fazer um rápido filtro de 31 anos de vida e selecionar os “TOP 5 momentos” que parecem relevantes. Nunca sai a mesma resposta e eu sempre me pergunto se o que contei foi mesmo importante.
O Felipe até tentou ajudar com a minibio para O Albatroz, só que eu achei ainda mais bizarro alguém fazer isso por mim. Terminamos a conversa comigo dizendo que tenho vontade de queimar tudo o que eu já escrevi e que, com frequência, eu me imagino botando fogo fisicamente em tudo que eu já criei. “Você não tem isso?”, eu resolvi perguntar para ele. “Imagina, eu amo tudo o que eu faço”, respondeu.
Um dia, eu espero chegar nesse patamar de autoconfiança de um homem branco hétero e botar fé em algo que eu crie neste mundo. Enquanto isso, você pode acompanhar essa saga de tentar me descrever enquanto eu escrevo por aqui.
Bom, mesmo com dificuldades, acho que no final das contas você acabou conhecendo um pouco mais mim com esse texto. Prazer, essa sou eu. Thais Lemos, (acha que) nunca fez nada de relevante.
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