THAÍS LEMOS
Jornalista, marketeira e escreve sobre tudo e qualquer coisa
“Conclave” mostra mais ou menos o que deve acontecer nas reuniões a portas fechadas dos cardeais para eleger um novo Papa. Disse me disse, fofoca, inveja, jogo sujo: tudo o que se espera quando há que se escolher um novo líder. É política pura. Talvez, por isso, o filme tenha passado de forma arrastada para mim. Apesar de trazer uma proposta interessante ao mostrar o que acontece em segredo, não vai além da velha estética católica.
Devo admitir que um dos pontos altos do filme é a trajetória do Cardeal Lawrence. Seu desenvolvimento como personagem é muito bem realizado, mostrando como as tomadas de decisões podem ser contraditórias quando se busca um resultado digno e justo.
As duas horas de filme se arrastam até os minutos finais, quando uma revelação importante entra em cena, mas aí já é tarde. Embora eu entenda o motivo que levou o filme a ser indicado ao Oscar de melhor filme deste ano – afinal, a Academia adora um plot twist –, não acho que a obra mereça levar a estatueta.
O roteiro é consistente, traz a resposta final de maneira não tão óbvia e não entrega de bandeja nenhuma das respostas que você se questiona durante o filme. Além disso, ele também nos mostra que nem aqueles tidos como os mais religiosos dos homens estão livres da ganância, da vaidade e da sede de poder, justamente em um local onde esperamos o oposto disso.
No entanto, apesar desta crítica negativa, o filme me surpreendeu por seguir ecoando em minha cabeça dias depois. Mesmo o achando cansativo, a estética e alguns momentos do diálogo voltam à tona com o passar do tempo, e isso é bom. Não creio que mereça grandes prêmios, definitivamente não merece o de melhor filme, mas minha aposta é que leve melhor roteiro adaptado e, talvez, melhor figurino. Veremos.
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