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14 de março de 2025

Eu queria ter estado lá

Até que a viagem no tempo seja possível, nunca terei as respostas que desejo

FELIPE LIMA

Jornalista, é fundador do Grupo Leopoldo de Comunicação

Talvez eu já tenha publicado essa foto anteriormente, não sei. Gosto demais dela. São meus avós, Daisy e Eugênio, em sua lua de mel, em idos de 1956, em Campos do Jordão.

Eu fico olhando a foto e a minha vontade é entrar ali, ser imediatamente transportado para aquele tempo-espaço. Não por nenhuma tara estranha de querer compartilhar da lua de mel dos meus avós, tampouco por qualquer ideia de saudade, embora esta esteja sempre presente. Não é isso. Trata-se de uma vontade de conhecer aquelas pessoas.

Eu não sei quem são aqueles dois da foto. Conheci muito bem e intimamente os meus avós, mas eram aqueles senhores desde sempre, um pouco menos, um pouco mais, mas senhores, já vividos, pai, mãe, avós. Uma vida já havia se passado até que eu entrasse no enredo.

Ouvi mil história, evidentemente, mas a realidade – que, embora óbvia, ainda é pouco pensada – é que eu não conheci aquelas pessoas ali da foto. Física e psicologicamente. Qual o cheiro da roupa? Qual a textura do cabelo preto do meu avô? Quão macia e lisa eram as mãos da Deisinha sem as rugas? Sobre o que falavam? Qual o senso de humor daquele tempo? Como se portavam à mesa? As perguntas são infinitas e as verdadeiras respostas, somente viáveis pelo convívio – até o presente momento (digo isso, pois realmente acredito na possibilidade da viagem ao passado em um futuro médio) – me são totalmente impossíveis.

E essa loucura toda, evidentemente, serve para qualquer um. Avós, pai, mãe, Churchill, D. Pedro I… Quem realmente eram eles aos 19, aos 24 anos? Só estando lá para saber.

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